Muitos fatores são fundamentais para que uma empresa seja bem-sucedida, mas o principal deles, sem dúvida, são as pessoas. Já dizia o ditado que duas cabeças pensam melhor do que uma – e contar com a dedicação e a experiência de bons profissionais é o caminho mais curto para o topo.
Tornei-me sócio da Senior em 1990, e a visão do primeiro fundador, Guido Heinzen, recém-formado no curso técnico de Processamento de Dados da Universidade Regional de Blumenau (Furb), que o levou a investir no potencial de popularização dos microcomputadores (PCs) para dedicar tempo e conhecimento no desenvolvimento do seu próprio sistema de folha de pagamento, me cativou.
Depois que Guido criou a Senior, a empresa ganhou corpo com a entrada de Nésio Gilberto Roskowski, que incorporou tendências, ajudou a ampliar o leque de possibilidades do negócio e nos permitiu lançar o sistema de ponto eletrônico um ano depois, quando entrei e assumi o comando na comercialização dos produtos da companhia.
A Senior sempre teve uma boa capacidade de adaptação; mesmo que novas tecnologias estivessem à nossa frente, sempre estávamos a par do desenvolvimento tecnológico mundial. Isso é importante. O que fizemos? Nós aceitamos o desafio de mudar para novos ambientes tecnológicos e aprender o novo.
Mas isso é algo extremamente trabalhoso e exige muito investimento. São iniciativas de alto risco porque um investimento de milhões de reais, envolvendo dezenas e dezenas de profissionais e anos e anos de trabalho, pode não resultar em nada. E o que é evidentemente meu é minúsculo. Na verdade, é um contexto: são os clientes, os canais de distribuição, é a cidade e muitas outras coisas que fazem parte do sucesso de uma empresa de 25 anos.
Eu sempre busquei novos desafios e soube que, para crescer, é preciso ir atrás de outras possibilidades, de algo diferente, e foi esse o caminho pelo qual optei. Depois de mais de 20 anos acompanhando o crescimento da Senior, saí do cotidiano empresarial e passei a olhar a estratégia sob a Presidência do Conselho Administrativo.
Também investi em minha carreira política e assumi a cadeira de secretário de Desenvolvimento Econômico de Blumenau, SC. A decisão de sair sempre foi de longa data e eu vinha num processo gradativo de preparação.
Planejando, tudo fica mais simples. Quando vou trocar de carro, começo a pensar um ano antes. Quando vou fazer qualquer negócio, penso muito tempo antes. Eu acredito no lema da minha formatura do curso de ensino médio de Contabilidade.
Era líder de turma e fiquei encarregado de definir o lema da nossa turma e jamais o esqueci: Se cada tijolo não estiver no seu lugar, não haverá construção. Então, se na vida pessoal você não se organizar, não colocar um tijolinho após o outro, as coisas até vão acontecer, mas talvez sejam um pouco menos confortáveis. Fazer planejado facilita muito a vida, nos negócios, na família, em tudo que faz parte do dia a dia.
Acredito que, no Brasil, o processo de governança ainda passa por um momento de forte remodelação, em especial nas pequenas e médias empresas, ou seja, ainda carece de aprendizado. De uma forma geral, as empresas pecam nesse sentido.
Na verdade, as empresas são decorrentes de pessoas e talvez algumas pessoas não queiram passar pelo preço do planejamento. Porque planejamento significa você prescindir de alguma coisa. Se no seu planejamento de vida você não quer prescindir de nada, você não quer abrir mão de nada, não planejará. Quem se propõe a isso não faz planejamento. Você planeja abrindo mão de alguma coisa.
Seja no mercado de tecnologia, seja na vida, a única coisa certa é a evolução. Na indústria eletrônica, nada se quebra, nada enferruja, e o que você poderá criar em cima disso não terá limitador. Já na vida… Bom, finalizo da mesma forma como iniciei este depoimento: somos pessoas. E estamos vivos. Enquanto respeitarmos a liberdade alheia, nosso limite é nossa criatividade.
Fonte: http://www.baguete.com.br/artigos/05/11/2013/ousadia-e-planejamento-na-gestao